Pular para o conteúdo principal

O Polo Aquático rumo à 2016: os ventos estão favoráveis

Segue abaixo um artigo do prof. Ricardo Cabral, Gerente de Polo Aquático da CBDA.


O Polo Aquático rumo à 2016:  os ventos estão favoráveis.

Realizamos há dois dias no Rio de Janeiro, a segunda Reunião do Conselho Técnico do ano para tratar do Calendário Nacional de Polo Aquático 2014 e 2015. Com o aumento significativo das ações para a modalidade, seja a nível internacional, nacional ou regional, o calendário de atividades torna-se cada vez mais apertado e transforma-se num verdadeiro quebra cabeça para viabilizar as ações previstas e respeitar os diferentes interesses e necessidades  das Federações, clubes, técnicos, atletas, e da própria Confederação, com suas seleções envolvidas nos eventos internacionais oficiais ( campeonatos) e não oficiais (treinamentos).

Ao iniciar a reunião, deixamos claro que a CBDA tem uma missão bem definida para os próximos anos que é a de obter com suas seleções uma boa participação nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, e deixar um legado de sustentabilidade da modalidade para os próximos ciclos olímpicos. E, ainda, que esse deveria ser um interesse coletivo de nossa comunidade.

O que seria uma boa participação? Chances de subir ao pódio? Estaríamos sendo levianos ou utópicos se trabalhássemos com essa expectativa. Vontade temos sim, e muita. Contudo, analisando o contexto mundial e a nossa realidade, constatamos que essa é uma tarefa praticamente impossível. Seleções europeias de ponta, com uma cultura esportiva enraizada para a modalidade e historicamente com resultados expressivos, ainda vão continuar se alternando no pódio olímpico e mundial. Quem é o melhor ou quem serão os medalhistas não  sabemos. Para não errarmos num palpite, basta só jogarmos para o alto bolinhas contendo nomes da Croácia, Hungria, Servia, Montenegro e Itália, que a ordem em que caírem estará de bom tamanho.

O que nos resta , afinal? Trabalhar duro para chegarmos em colocações intermediárias mas que evidenciem  um  real desenvolvimento da modalidade, fazendo valer os investimentos de recursos públicos e privados que estão sendo aplicados. Tarefa fácil? Nem um pouco. Se observarmos as colocações nos dois últimos Jogos Olímpicos, realizados respectivamente em Pequim 2008 e Londres 2012,  facilmente constataremos que ambos os países, sem tradição na modalidade ( vale ressaltar que o polo aquático foi a primeira modalidade coletiva a participar dos Jogos Olímpicos e que o esporte surgiu na Inglaterra entre o final do Século XIX e início do Século XX) ficaram na última colocação.  

No feminino, a China, fez um investimento e um trabalho diferenciado, selecionando e colocando um grupo de meninas na Europa e conseguiram um resultado bem expressivo.

Nossa expectativa é a de estarmos na zona amarela do quadro abaixo, o que já representaria um avanço significativo que, somado à outras ações que realizamos, mostraria uma boa evolução do esporte. Hoje, já estamos brigando por colocações entre os oitos primeiros nos mundiais da categoria de juniores.

CLASSIFICAÇÃO
Masculino
PEQUIM
2008
LONDRES 2012
1o
Hungria
Croácia
2o
EUA
Itália
3o
Serbia
Serbia
4o
Montenegro
Montenegro
5o
Espanha
Hungria
6o
Croácia
Espanha
7o
Grécia
Australia
8o
Australia
EUA
9o
Itália
Grecia
10o
Alemanha
Romênia
11o
Canadá
Cazaquistão
12o
China
Gran-Bretanha














Temos, ainda, como meta anterior aos Jogos Olímpicos de 2016, buscar a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2015.

Onde entra nosso calendário neste contexto? Resposta simples. O Calendário deve representar uma ação integrada de todos os interessados no esporte, fazendo com que possamos manter todas as atividades que vimos realizando durante os últimos anos, compreendendo as categorias de base, regionais e eventos mais importantes como o Troféu Brasil e a Liga Nacional, adequando-os, tanto ao período de realização, quanto em duração, às ações previstas para as Seleções Nacionais, no que se referem à treinamentos nacionais, treinamentos internacionais e a participação em eventos internacionais oficiais, que serão muitos nos próximos anos.

Enfim, como escrevi em outras oportunidades, estamos num bom momento e, acredito que no caminho certo. Mostramos ainda nossa percepção de como se encontra o polo aquático brasileiro, e onde temos que melhorar e evoluir. O quadro a seguir, ajuda a entender melhor:

PONTOS FORTES
PONTOS FRACOS
OPORTUNIDADES
AMEAÇAS
Participação em eventos internacionais oficiais
Poucos treinamentos internacionais na Europa
Aumentar a visibilidade do esporte e da seleção em função dos Jogos no Rio
Acomodação em função de uma participação garantida nos Jogos
Participação em treinamentos internacionais
Comissões Técnicas não exclusivas da seleção
Possibilidade de captação de mais recursos para atender as demandas da modalidade
Redução de recursos em função da possibilidade de não termos chances de medalha
Contratação de técnico estrangeiro
Não profissionalização dos atletas e pouca cobrança sobre os mesmos
Como Sede dos Jogos atrair equipes europeias para treinamento no Brasil
Redução de recursos em função de ser esporte coletivo e de só concorrer a uma medalha
Centro de Treinamento no Rio (Escola Naval)
Não dedicação exclusiva de grande parte dos atletas aos treinamentos
Possibilidade de repatriação de jogadores brasileiros que atuam na Europa
Não trabalhar pensando no legado que os Jogos do Rio pode deixar para a modalidade
Estrutura para Treinamentos Nacionais***SICONV
Falta de reciclagem dos técnicos nacionais
Aumentar em função dos Jogos nossa participação em Torneios na Europa.
Associar o desempenho esportivo apenas a chance de obter medalha
Liga Nacional
Não sequencia de um planejamento a médio e longo prazo
Crise na Europa o que pode tornar os treinamentos internacionais mais baratos
Desperdiçar uma oportunidade única para alavancar a modalidade
Recursos financeiros destinados à modalidade através dos Correios/ Lei Piva/Lei de Incentivo e SICONV
Herança de cultura esportiva ultrapassada
Manter a seleção nacional na Europa em alguns períodos do ano

Apoio da Governança
Pouca visibilidade do esporte
Possibilidade de associar marcas à uma modalidade com presença garantida em 2016

Participação em Comitês Técnicos Internacionais
Ausência de um plano de marketing para a modalidade


Aquisição de recursos tecnológicos que suportam a modalidade ***SICONV



Manutenção de uma Comissão Técnica



Grupo de jogadores  comprometidos com a seleção nacional




A ideia é maximizar os pontos fortes, minimizar ou eliminar os pontos fracos, aproveitar ao máximo as oportunidades, e não oferecer espaços para as ameaças existentes.

Finalizando, e este é o motivo principal pelo qual estou escrevendo, a receptividade, a aceitação das propostas apresentadas, o envolvimento e o engajamento dos membros do conselho técnico de polo aquático, não poderia ter sido melhor.  Estamos no mesmo barco e caminhando na mesma direção.

Ricardo Cabral
Gerente de Polo Aquático CBDA


Comentários

  1. Ricardo,

    achei muito interessante o que escreveu e análise que foi feita. Vou dar minha humilde opinião a respeito do que penso em relação ao cenário do Water Polo atual e o que deveria, mais uma vez frisando, na minha opinião, ser aplicado a frente. Acredito que o mais importante em qualquer aspecto na vida é o comprometimento com a evolução. Existem algumas maneiras de seguir esse caminho. Uns são mais rápidos, não quer dizer que são mais fáceis, e outros mais longos. O nosso esporte é carente de praticantes por alguns motivos que não é preciso enumerar aqui. Precisamos evoluir nesse aspecto. Uma maneira é montarmos um projeto parceiro com escolas e universidades, aproveitando o contexto olímpico, para que o máximo de instituições se tornem colaboradoras. Isso deve ser feito em âmbito nacional (não só eixo RJ e SP). Com isso iniciado, tarefa bem dificil de ser aplicada, mas temos que ter em mente que nada na vida é simples, estaremos começando a abrir uma luz em um buraco bem fundo. Massificar o esporte é chave para surgimento de grandes atletas. O risco é diversificado. Outro aspecto, que tem importância extrema é na questão de treinamentos. Os atletas devem tentar se comprometer ao máximo que puderem até o limite de não ser prejudicados academicamente. Existe esse limite, cada um tem o seu e deve ser respeitado. Todo projeto de treinamento e calendário deve considerar isso. Os atletas não podem e não devem serem prejudicados por mal planejamento de treinamentos e calendário de competições nacionais. As internacionais temos pouco o que fazer em relação a datas, eu acho. Os atletas nos clubes devem se dedicar ao máximo em termos de esforço e não existe espaço para faltas sem justificativas se ele quiser, de fato, ser jogador/atleta de alto rendimento. Esse esporte é cruel, não há como enganar, mesmo falando em nível técnico do Brasil. Um outro ponto, é que todos os técnicos de todas as seleções, seja masc ou fem, seja adulta ou júnior, deveriam ser estrangeiros. O relacionamento dos técnicos de clube quando na seleção pode levar prejuízos na escolha dos convocados e nos treinamentos devido ao "nepotismo". Em competições nacionais de nível adulto, a CBDA, caso tenha recursos para investir, poderia destinar 2 jogadores estrangeiros para cada clube de acordo com as suas necessidades/vulnerabilidades. A consequência disso seriam campeonatos mais bem disputados e mais interessantes para o espectador e principalmente para o teleespectador (público com pouca ou nenhuma ligação com o esporte). Acredito que seja mais válido esse tipo de investimento, do que enviar a seleção para participar de determinados campeonatos internacionais. Pode ter certeza que o fruto para o esporte no longo prazo no país é muito maior. Enfim, acho que é por ai que poderemos ter alguma probabilidade de inclinarmos a nossa curva para derivada positiva. Caso contrário, não haverá nenhuma disposição de investimento por parte de empresários no período pós-olímpico. Agradeço o seu tempo por ter ler o meu texto Ricardo e demais amantes e profissionais do esporte.

    Um abraço a todos.

    Rodrigo Cardoso do Nascimento
    Atleta do Clube de Regatas do Flamengo

    ResponderExcluir
  2. Conforme reunião, estivemos todos de acordo.
    Desejamos boa sorte ao projeto.
    Muito importante que não exista grandes modificações.
    André Avallone

    ResponderExcluir
  3. No fundo é a receita de bolo que já se fala há anos

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Confira os campeões de 2018 dos torneios em águas abertas

Mercado 2012: primeiras contratações Paineiras Projeto Futuro (atualizado)

Quem chega: Daniel Amorim [1993] (SESI); Rodrigo "Beisso" Siracusa [1993] (SESI); Matheus Anastasio [1994] (Pinheiros). OBS.: confirmadas também a permanência de Fábio "Binho" Arnoldi e a volta do centro Caio Braz. OBS.2: Ramiro Garcia também permanecerá, já Murício Lima foi mesmo para o SESI.

Troféu Brasil Masculino: Pinheiros campeão

SESI e Pinheiros repetem hoje a final da última Super Liga , na decisão do Troféu Brasil Masculino 2015 . Essa já era uma final esperada, pois os dois times são a base da atual Seleção Brasileira. A única surpresa dessa edição do Troféu Brasil foi a última colocação do Fluminense, clube mais vencedor do polo aquático brasileiro, tendo, inclusive, vencido as últimas nove edições do Troféu Brasil . Com a oitava colocação o Fluminense fica fora da edição 2015 da Super Liga , torneio em que é tricampeão. Confira baixo os resultados.