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Um Fla x Flu como nos velhos tempos

Segue abaixo um artigo do professor Silvio Telles, abordando o clássico carioca Fla x Flu realizado na sexta-feira passada, destacando o ótimo ambiente e a necessidade dos jogos da Superliga serem acessíveis a um público maior, opinião que compartilhamos e que, sempre que possível, retomamos aqui no Potóff.





VIVA O PÚBLICO NO POLO AQUÁTICO

Hoje [sexta-feira, 20/09] na piscina do Fluminense, pudemos ver que a paixão pelo polo aquático ainda flameja. O jogo teve um placar dilatado (24 x 11), mas nem por isso mais de cem pessoas deixaram de comparecer a piscina do Fluminense. Foi uma noite como há muito não víamos no Rio de Janeiro. Muitos dos envolvidos falavam da felicidade em jogar , digirir e torcer. Não só torcer pela sua equipe, mas torcer por belos gols e lindas jogadas. A equipe do Flamengo, mesmo perdendo, valorizou o resultado fazendo na forte equipe do Fluminense 11 gols, mais do que o Esporte Clube Pinheiros, que junto com o SESI, são fortes candidatos ao título
A presença de Felipe Perrone, Josip, Sottani, Ádria e cia. foram uma atração a parte. Uma lua cheia iluminava o parque aquático e dava os contornos a uma partida que, apesar de não ser extremamente disputada, teve belas jogadas e muitos gols.
Me preocupei em escrever esse texto para apresentar minha opinião sobre onde realizar os jogos. Sabemos que o polo aquático tem muitos problemas, muitos que se relacionam com outros, desenvolvendo outros mais. Mas para começar a resolvê-los devemos eliminar a maior quantidade possível de variáveis. Posso garantir que jogar na Escola Naval , especialmente a Liga, é uma dessas variáveis que temos que minimizar. Vou me concentrar somente na questão da “venda” do produto polo aquático, desconsiderando, (sei que é uma tarefa difícil) outros fatores que também nos atrapalham a crescer.
Não houve divulgação no clube do jogo de sexta, apesar de ter sido uma reinauguração em jogos oficiais da piscina reformada. O polo aquático do Rio de Janeiro, dentre outras coisas, necessita desses jogos. Jogos na Escola Naval não contribuem para o já combalido esporte carioca. Temos que fomentar o esporte levando-o aonde seja mais fácil de assisti-lo.
Precisamos de mais marketing. Este se caracteriza, em linhas gerais, através das técnicas e métodos destinados ao desenvolvimento das vendas, mediante quatro possibilidades: preço, distribuição, comunicação e produto. Diante desses itens, já vemos diversos problemas da nossa gestão . O esporte não é barato. O gasto com o “circo” não deve ser desconsiderado. A distribuição é péssima, tanto em número de estados praticantes e que competem, como a distribuição pela e para a mídia. A comunicação interna e externa é tão pífia que prefiro nem comentar e soma-se a isso a qualidade duvidosa do produto, fato esse recentemente atestado mundialmente.
Para Adcock (1993), as ações para o sucesso dos produtos também seguem quatro pressupostos : o produto certo, no lugar certo, na hora certa, no preço certo.
Temos muitos problemas, mas posso garantir que o polo aquático, pode até não ser um excelente produto em todo o mundo, mas no Rio de Janeiro não acontece no lugar certo, nem na hora certa. Essas ações básicas só prejudicam ainda mais a divulgação do esporte. Quanto ao preço, para quem assiste, é quase nenhum, talvez um estacionamento, gasolina ou passagem de ônibus.
Mesmo com diferenças técnicas entre equipes, o que acontece em todos as competições, não devemos tornar nosso esporte ainda mais secreto. Jogos realizados em uma ilha, como é o caso da Escola Naval (que por sinal tem sido uma excelente parceira e só temos a agradecer) não pode ser o palco do principal evento do nosso esporte. TEMOS QUE PENSAR EM ALTERNATIVAS!!!
Cabe ressaltar que o mesmo Fluminense, que ficou 9 anos sem perder(1952-1961), e ganhando bem dos seus adversários, não desmotivou o público a ir assistir os jogos. Todos aconteciam nos clubes tendo diversas vezes arquibancadas lotadas e até ingresso já foi cobrado.
Conversando com um ex-atleta que jogou com Aladar Szabo, fiz a seguinte pergunta: Se o Szabo estivesse jogando teríamos público na Escola Naval? A resposta foi perfeita:- Se o Szabo estivesse jogando, o jogo jamais seria na Escola Naval.
Não há piscina disponível, então o aluguel da mesma deve entrar no planejamento, o que não podemos é esconder o nosso produto.
Ao realizarmos os jogos nos clubes damos a eles a oportunidade de exporem para os seus sócios mais um esporte que existe dentro do próprio clube. Fomentamos a construção da cultura do polo aquático, o que favorece o desenvolvimento da modalidade. Posso apostar que muitos jogadores começaram a jogar após verem algum jogo ou até coletivo dentro do seu clube. Não podemos desprezar jamais esse material humano. Mas infelizmente é o que temos feito.
E assim devemos caminhar , eliminando uma variável por vez....

Silvio Telles.




Comentários

  1. Prezado Sílvio,
    Concordo plenamente com suas colocações. O conceito dos "Ps"do marketing seja esportivo ou não ( alguns falam até em 7 ) devem prevalecer. Entretanto, costumo dizer (aliás eu digo isso), que podemos ou "devemos" sempre que possível observar os esporte por algumas óticas diferentes. Do atleta, do técnico, do dirigente, do público, da árbitro e da mídia.
    Como gestor esportivos, infelizmente, algumas delas tornam-se, vamos dizer, assim, românticas demais, quando mergulhamos na realidade que vivemos. Já sei, como acadêmico você irá dizer que não existe uma realidade, existem várias e que por isso, alguns dizem que ela é dialética no que eu concordo. Um exemplo disso é o seu próprio clube, o Fluminense.
    Vejamos, é o clube ( não sei se é bem o clube, me parece mais um investimento pessoal do que institucional) que mais investe , hoje, no polo aquático brasileiro, e isso é de grande conhecimento público, mas NÃO consegue ceder suas instalações uma tarde da Sábado para se fazer uma rodada da Liga ( 3 meses de Liga). Estou errado? Em compensação, neste final de semana foi realizado no Sábado e Domingo, o Campeonato Mirim Petiz de Natação.
    Sei que não é sua obrigação pensar como gestor esportivo, mas posso assegurar que assim é bem mais fácil pensar em alternativas, mesmos as não viáveis.
    Vou lançar um desafio a você ( e a quem no clube tiver poder de decidir). Temos no próximo Sábado dia 28 de Setembro, 03 jogos Liga na Escola Naval, que por falta de opção dos clubes, inclusive, do Fluminense, que iniciarão as 15:00h, e bem antes disso, teremos a partir das 09:00h os jogos do Sub-15, também na Escola Naval, que se estenderão até as 20:00h.
    Seria interessante demais se pudéssemos fazer NO FLUMINENSE, porque concentraríamos na mesma praça ( P), um grande público ( P), teríamos uma grande promoção do esporte (P), estaríamos mostrando um bom produto (P), o que poderia atrair mais interessados e patrocinadores (P). Como você pode ver concentraríamos importantes "Ps"do marketing esportivo num só local.
    Entretanto vamos à um grande P da prática não o "S"do "sonho". Podemos fazer lá?
    Se o clube me disser que PPPode, troco o local de competição amanhã, com muito PPPrazer!
    Esperei por essas opções por 02 meses e NINGUÉM pôde, por uma série de motivos ceder. Não restando outra opção, estamos fazendo na Escola Naval ( a quem devemos ser muito gratos).

    Ps: Amigo e professor Sílvio, a quem eu tenho um enorme prazer de ter sido seu "técnico no Fluminense"e "professor na Universidade". Nestes anos à frente da gestão do desporto, aprendi que a diferença do Mundo Teórico e do imaginável ( sonhador) para o Mundo prático, é que a prática na maioria das vezes esmaga, atropela e põe por água abaixo o que a Teoria diz e o que nosso imaginário deseja. Mesmo assim continue sonhando.
    Abraços
    Ricardo Cabral

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  2. Caros Silvio e Ricardo, hoje descobri que era mais feliz e não sabia o quanto, quando apenas saia de casa para assistir a um jogo de polo aquático em um clube qualquer ao invés de comprar um produto em qualquer super mercado. P q P !
    Roberto Cabral

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