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Sobre a transmissão do Campeonato Europeu


Esse Campeonato Europeu serviu para reforçar certas impressões sobre a situação do polo aquático em nível mundial. Em especial, mais uma vez, a falta de uma visão mais ampla do "produto" polo aquático, mesmo em se tratando da LEN, confederação que agrega as principais federações de polo aquático do mundo.
Foi emblemático o caso da transmissão pela internet, sem dúvida, uma iniciativa fundamental para a divulgação do esporte, porém com algumas ressalvas importantes. A primeira delas no que diz respeito a qualidade das transmissões, que variava entre a retransmissão do sinal de TV, nesse caso com direito a replay dos gols e das principais jogadas, identificação dos jogadores, tempo de jogo e tempo de ataque visíveis, além da exibição de dados estatístico na tela, e das transmissões através do sinal da Deep Blue Media, que se limitavam a uma câmera fixa e a exibição do placar da partida. Outro detalhe foi que nos principais jogos da 1ª fase, a opção high resolution travava com frequência e a opção low resolution ficava muito pobre no módulo tela inteira. Finalmente, a questão do pay-per-view a partir das quartas-de-final. Além de pegar os espectadores de surpresa, pois essa decisão de cobrar pela opção high resolution não foi informada com antecedância, só tendo sido divulgada no dia das quartas-de-final do Feminino, o preço cobrado era completamente fora da realidade do espetáculo oferecido (US$30 pelo pacote quartas-de-final, semifinal e final ou US$ 7 por dia até as semifinais e US$ 10 por dia nas finais). Só para fazer um paralelo, simultaneamente ao Europeu de polo aquático estava sendo disputado na Austrália, o Aberto de Tênis, um dos principais torneios de tênis da temporada, primeiro dos chamados Grand Slam. Pois bem, o site oficial do Australian Open disponibilizava a Open TV gratuitamente, aonde era possível escolher qual partida assistir, com uma qualidade impecável (altíssima resolução, sem travamentos) e com replay em super slowmotion. Enquanto o tênis, esporte com alto gau de visibilidade na mídia, se preocupa em oferecer mais opções para os interessados (o Australian Open passou na TV por assinatura), explorando ao máximo os novos recursos (internet) para ampliar seu público, os responsáveis pelo polo aquático europeu vão no caminho inverso, isto é, colocando o (irrisório) lucro na frente da divulgação. Viva a internet, com seus aficcionados e seus "piratas", que conseguem "furar" essa lógica e fazem o polo aquático reverberar para além da miséria "oficial".
Por fim, gostaria de mencionar o excelente trabalho do Eduardo Vieira, do site poloaquatico.com.br, um dos raros jornalistas que acompanhou in loco o Campeonato, nos proporcionando entrevistas com treinadores e atletas e crônicas diárias do que acontecia em Eindhoven.

Comentários

  1. Clodoaldo
    Acredito que o polo aquático tenha,ainda, que muito trabalhar para se tornar popular no Mundo. Apesar de ser uma modalidade com mais de um século, muito pouco evoluiu nesse sentido. Razões, hipóteses e explicações são muitas.Acho que o principal problema é que os envolvidos no esporte por acharem que é o melhor esporte do mundo, acreditam que a percepção das pessoas que não estão envolvidas diretamente com o esporte é a mesma. Durante a vida de atleta e técnico, vivi com a idéia de que na Europa era diferente. Na Europa o polo é o esporte número 2, na Europa os jogos enchem as piscinas, na Europa os jogadores ganham fortunas..Quando passei a frequentar competições internacionais e acompanhar de perto a modalidade como dirigente esportivo, percebi que o que eu acreditava não condizia com a verdade. Produto forte e competitivo,Piscinas lotadas com público e atrair a mídia somente, por enquanto, no nosso imaginário. A LEN quando ofereceu um aperitivo com a transmissão on line, seguramente apostava as fichas na continuidade dos acessos, mesmo que os mesmos fossem cobrados. Pura ilusão. Acesso por Us 30,00 dolares para assistir aos jogos, venhamos e convenhamos pode ser uma quantia razoável para nós. Entretanto, para os europeus que adoram o polo, não deveria ser considerado nenhum absurdo. Continuo a achar que na prática existe muito mais um envolvimento do que um comprometimento com o esporte. Se lá é assim, imagine aqui no Brasil ou em outro lugar.
    Nenhum esporte vai se desenvolver se não fizer parte da própria cultura esportiva de um povo. Estava nadando Sábado a tarde na piscina de um clube e estavam montadas as duas balizas. Por longo tempo, não que eu tenha nadado muito, mas porque permaneci no clube para momentos de lazer, não vi ninguém com uma bola de polo "brincando" na piscina. Seguramente se eu fosse à praia viria muitos pegando onda , jogando bola, andando de skate, entre outras coisas. Precisamos trabalhar e muito para melhorar esse quadro. Entretanto continuo achando que enquanto não houver uma mobilização conjunta ( clubes, Federações, Confederação, Instituições públicas, ONGS, atletas, técnicos,empresas, mídia...vamos continuar avançando lentamente. Parece que vivemos a " febre do BBB" quando as pessoas preferem ficar no anonimato e fazendo "fofocas" denegrindo a imagem de quem trabalha no esporte ao invés de contribuir com coisas construtivas. Tenho visto com tristeza manifestações ofensivas contra pessoas envolvidas no esporte, sejam elas, atletas, técnicos, pais, dirigentes. Se é esse o esporte que queremos construir acho que somos merecedores do que temos.
    Abs
    Ricardo Cabral

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  2. Cabral, concordo com o teor da sua observação. Só gostaria de destacar o aspecto de q, hj em dia, essa relação do esporte com as pessoas, a mídia, os patrocinadores, mudou muito. Ñ temos mais, por ex., a mesma situação q transformou o futebol no "esporte das multidões". O sucesso do futebol é fruto do processo de urbanização moderno. Desde o começo do século passado, o futebol era um fenômeno q arrastava milhares de pessoas aos estádios (uma massa urbana q se formava, transformando a relação com a cidade, o trabalho, o lazer etc.). Hj em dia, um esporte para ter "sucesso" ou ser "popular" ñ precisa mais arrastar multidões, a relação com o torcedor é outra, assim como com os patrocinadores. Essa relação agora é mediada pela TV e pelos novos meios de comunicação (youtube, live streaming, sites, blogs, rede sociais). Ñ acho q o polo, para crescer, precise ter as piscinas lotadas em todos os jogos, é só ver o ex. do vôlei. A última Copa do Mundo Masculina no Japão, q valia vaga para Londres 2012, tinha um público reduzidíssimo na grde maioria dos jogos, mas o “produto” vôlei já está consolidado na rede esportiva, para além da mera participação presencial. Sem me alongar muito, o q me chamou a atenção negativamente, foi o fato da LEN usar uma nova tecnologia com uma mentalidade retrógrada (lucro imediato de alguns míseros “trocados), sem conseguir perceber a nova dinâmica q essas novas tecnologias impõem.

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  3. Clodoaldo, a sua visão está corretíssima quanto a evolução do esporte. O esporte, hoje, contemporâneo ganhou o rótulo de esporte-espetáculo, na medida em que o foco ao longo das últimas décadas foi saindo, apenas, do praticante ( que era movido por motivos intrínsecos), para o espectador in loco, depois para o telespectador, depois o assinante do pay per view, e agora entrando uma tecnologia, mais barata, de fácil acesso que é a internet. Em outras palavras, gerou muito mais interesse, e consequentemente mais público indireto e com uma injeção de recursos.Se não me engano, a google entrou na disputa com as grandes TVs para compra de direito de imagens do Campeonato Europeu de futebol ( coisa inédita). Acho que o polo ( mundialmente) na visão tradicionalista não acompanhou a tendência de mercado e insiste na idéia de que a essência do polo é essa e não precisa mudar. Concordo que o polo para crescer não precise de público in loco, entretanto, como participo das reuniões com o SPORTV, uma das críticas que são feitas ( acho que a maior) é que nas transmissões o polo não mostra público, o que é ruim para emissora. Também acho que o Volei é um produto na maioria das vezes sem emoção com um público politicamente correto que vai aos jogos para ganhar uma camisa e bater com balões de gás.Mas o fato é que trabalhou bem para fixar a marca. Continuo achando, também, agora falando em Brasil, que o envolvido no polo é acomodado. Me lembra da fábula do rato e do queijo.Todo mundo quer mudança mas na hora que ela chega se incomoda porque vai mexer "no seu queijo". Exemplos não faltam. Se faço um jogo no SESI num Domingo ensolarado na Vila Leopoldina, não tem público porque é longe. Se faço jogo na Escola Naval não tem público porque é difícil acesso. Se faço no Maria Lenk é muito longe. Se faço no Fluminense, como fizemos nas semifinais da Liga, aparece o mesmo público da Escola Naval. Se faço no Maracanã em obras é um absurdo porque a arquibancada está suja. Se não temos internet on line nos jogos é ruim, quando o fazemos, ainda, que de forma experimental era melhor não ter feito e por aí vai...Também acho que está na hora de se mudar o discurso ou então torná-lo prático. Dizer que adora o polo é uma coisa, mostrar que gosta é outra completamente diferente....e olha que tem muita gente que diz que gosta, se não gostassem então...
    Abs
    Ricardo Cabral
    Abs
    Ricardo Cabral

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  4. Perfeita a sua colocação, Cabral. Qdo digo q o pólo ñ precisa lotar as piscinas em TODOS os jogos, é exatamente nessa linha de raciocínio q vc coloca. Mas entendo q, em certas ocasiões, é importante o registro do público. O vôlei, por exemplo, enche o Mineirinho e o Maracanãzinho na Liga Mundial, com o “auxílio luxuoso” do Banco do Brasil. Por isso q coloquei a ideia de se fazer a final da Liga Nacional no mesmo dia do Festival Infantil, para aproveitar a molecada e seus parentes como público presencial.
    Abs.

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