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"O polo aquático está morrendo no Brasil!!!!!!!"

Recebemos o texto abaixo do sr. Júlio Eduardo Santos, pai do atleta Luís Maurício Santos, goleiro do Pinheiros e da Seleção Brasileira. O sr. Júlio é um frequente colaborador desse blog, sempre nos enviando notícias e opiniões, e, muito importante, sempre se identificando.


"O polo aquático está morrendo no Brasil!!!!!!!!


Está frase pode ser considerada como uma loucura por muitos, mas tenho a certeza que uma parte dos que convivem com o Polo Aquático concordam com ela, porém tenho certeza que farão de tudo para que isso não aconteça.
Vou tentar descrever o que sinto depois de ter acompanhado o Polo Aquático, como pai de atleta, admirador de esportes, que procurou nestes últimos 18 anos acompanhar seu filho onde ele fosse jogar, sendo em Santos, onde resido, São Paulo, Rio de Janeiro, em torneios Sul Americanos e Pan Americanos aqui no Brasil e no exterior.
Neste período conheci e fiz muitas amizades com atletas, técnicos, diretores de clubes e dirigentes da CBDA. Portanto, posso não ser um entendido em Polo Aquático, mas depois desse tempo todo acredito que possa ter a sensibilidade de saber como está o Polo Aquático no Brasil.
Vamos começar a falar dos clubes, entidades que, com raríssimas exceções, estão falidas no Brasil. Nos últimos anos quais foram os clubes no Brasil que resolveram investir no Polo Aquático, mesmo não sendo na forma competitiva? Não vale o SESI, que primeiro não é clube e segundo está a serviço das pretensões políticas de seu presidente. Será que quando ele sair o Polo e os outros esportes competitivos continuam? A competição não é o fundamental para essas entidades. Basta ver as outras em todo o Brasil. Já tivemos exemplos semelhantes no passado... Vocês lembram o Vasco da Gama??? Para quem serviu? Onde foi parar???? Como ficaram os atletas????
E como estão os clubes que atualmente praticam o Polo Aquático? Excluindo o Sesi que já comentei e o Fluminense que tem patrocinador exclusivo para o Polo Aquático, que patrocina não pelo retorno do investimento e sim por serem amantes do pólo aquático, amigos do clube e pelos incentivos fiscais, quem investe como deveria investir no pólo aquático???
Ninguém!!!!! Só vou dar o exemplo de um dos principais clubes do Brasil, o Esporte Clube Pinheiros, que se orgulha de ser um “país” nos Sulamericanos, Panamericanos, Mundiais e Olimpíadas, tamanha é a quantidade de atletas que ele fornece para as delegações brasileiras. Não investe praticamente nada. Não acompanha os demais clubes com relação à ajuda de custo para os atletas, não fornece material para treino e jogos (vide a apresentação de seus atletas na final da última Liga), não fornece acomodações e transporte dignos para seus atletas, tri-campeões do principal torneio brasileiro e não investe atualmente quase nadas nas categorias de formação, vide resultados. Os demais clubes sobrevivem praticamente com pequenos recursos, a pequena ajuda da CBDA nos torneios e o trabalho de uns poucos abnegados que amam o polo aquático.
O que podemos falar da CBDA e das Federações? Praticamente nada, pois estas entidades representam o pensamento dos clubes e se os clubes não se interessam e/ou investem no polo ela faz o mesmo. Elas fazem o mínimo necessário para o esporte não morrer e não perderem parte dos patrocínios. Um exemplo de como o Polo é reconhecido pelas entidades é só ver como foi a Liga este ano. A pior das quatro realizadas. Regulamento cheio de contradições como, por exemplo, nos critérios de desempate, na disputa do terceiro lugar, um site totalmente desatualizado até o final do torneio, falta de juízes de linha em diversos jogos, troca de dias e locais de competição e o que é o maior absurdo: utilização de piscina que não tinha as dimensões mínimas exigidas no regulamento aprovado para as semifinais como é o caso da piscina do Fluminense. Será que alguém sabia??? Não basta só a boa vontade de alguns. Se não existir uma política bem definida pela alta direção, o trabalho de poucos não serve para nada.
Isto tudo também é válido para a Assessoria de Imprensa da CBDA que trata o Polo Aquático como um apêndice do organismo fazendo raras coberturas, na maioria das vezes somente no Rio de Janeiro, quando não coincide com qualquer evento da natação. Além disso, é na maioria das vezes bairrista e parcial. Tudo isso fica comprovado (não vale o site da CBDA) com o acompanhamento das notícias do polo aquático nas diversas mídias, ou seja praticamente nada. E não adianta colocar a culpa na imprensa que não se interessa pelo Polo. Precisa-se correr atrás, mudar a situação como outros esportes, até pouco tempo atrás totalmente desconhecidos, estão fazendo. É claro, se houver interesse !!!!
Outro fator que acho que está contribuindo para a estagnação do polo é a liberalidade dos atletas estrangeiros nas competições da CBDA. Quem pode afirmar que o Fluminense, depois de ganhar a Liga é a melhor equipe do Brasil? Será que se a Liga fosse disputada somente com atletas que disputam os torneios regionais o resultado da Liga deste ano seria o mesmo? Duvido!!!!!!
Hoje a participação dos atletas estrangeiros se tornou uma maneira obcecada para ser campeão e não com objetivo de transferência de conhecimento. Como se pode considerar o Tony Azevedo como brasileiro e o Ives como estrangeiro????? O Tony veio somente para passar férias bem remuneradas e fazer o Fluminense ser campeão, diferentemente do Ives que disputa anualmente todos os torneios sejam eles estaduais ou nacionais pelo mesmo clube. Quem é mais brasileiro????. O Ives ou o Tony para o polo brasileiro ??????
Mérito do Fluminense que consegue impor na CBDA suas vontades e os demais clubes não reclamam. E não adianta reclamar dele no final, pois o regulamento tem a aprovação prévia de todos as equipes.
Será que tem ???? Ou será que ninguém lê antes de aprovar????
Por que a CBDA, já que acha importante a vinda de estrangeiros em suas competições, não chama pra si a responsabilidade de trazer os atletas e distribui entre os principais clubes de maneira harmônica que fortaleça todos por igual ?????? Não teríamos um torneio melhor ???? Mais disputado ???? Alguém tinha dúvida de quais clubes iriam para as semifinais, ou mesmo para final???? Claro que não, por isso os jogos da primeira, segunda e terceira fase pouco importaram, com público praticamente nenhum em quase todos os jogos. Será que isso não está desmotivando os poucos clubes que ainda disputam a Liga e trabalham na formação de atletas e que não possuem recursos para trazer atletas estrangeiros ????
E com relação aos atletas não estou vendo o aparecimento de uma renovação que seja melhor do que os atletas que defenderam os principais clubes brasileiros nos últimos anos. É só comparar os resultados internacionais. E naquela época não tínhamos a vinda de estrangeiros para disputar os torneios brasileiros, treinamentos no exterior e etc. A maioria estudava ou trabalhava o dia todo. Treinavam praticamente nos dia de semana à noite.
Se não tivéssemos perdido os Perrones para o Polo Aquático Europeu tenho dúvidas se os Estados Unidos seriam campeões dos Pan-americanos tanto de 2007 como o de 2011. Nos mundiais teríamos com certeza melhores colocações. Alguém tem dúvida disso ????.
Sobre a valorização dos atletas já dei minha opinião quando comentei o documento que o Goran emitiu quando analisou o polo brasileiro. Resumindo o que penso, não queiram implantar no Brasil as mesmas políticas que são aplicadas nos principais países praticantes do polo aquático. O Polo não é e nunca será profissional no Brasil porque os clubes não tem interesse, não querem e não tem recursos para tal. Portanto, nenhum atleta viverá exclusivamente do polo no futuro. Acredito que o tratamento que deve ser dado aos atletas brasileiros tem que levar em contato a vida profissional de cada um. Pelos menos fiz isso com meu filho e tenho certeza que muitos também fizeram com seus filhos para que hoje pudessem ter uma vida profissional.
Quem será responsável pelo futuro desta geração que foi obrigada a perder um ano de estudo e com certeza também perderá o ano que vem para se dedicarem exclusivamente ao polo, só por causa do sonho de alguns de participarem de uma Olimpíada com uma boa colocação. E depois, como fica o “Day after”? Será que terá valido a pena sacrificar a vida futura destes atletas para, ao invés de ficarem em 12º lugar, terem ficado em 10º nos Jogos Olímpicos do Rio? E depois haverá garantia de empregos pra eles ???? De que viverão????
Não esqueçam que o Kiko, e mesmo o Felipe atualmente, mesmo jogando na Europa, não esqueceu, em momento algum, de estudar, e quando voltou ao Brasil com a boa formação profissional adquirida lá fora. está muito bem posicionado profissionalmente e jogando muito .
Será que poderemos falar o mesmo desta geração no futuro ??????
Isto é que me preocupa. Será que quem dirige os destinos desta “molecada” está pensando nisso ??????
Acredito que a importância deste assunto daria para escrever mais um bocado, mas acho que já estou me tornando chato com o tamanho desta postagem.
Gostaria de receber comentários sobre o assunto e que me convençam que estou errado e agradecer antecipadamente a atenção.


Julio Eduardo dos Santos"

Comentários

  1. Caro Júlio, na minha opinião, o cerne do seu comentário é a constatação de q os clubes ñ têm interesse em investir no polo aquático, nem mesmo o Pinheiros, o maior clube olímpico do Brasil, como vc mesmo cita. Como todos sabem, o Brasil ñ tem, nem nunca teve, uma política esportiva clara, definida (investir no alto rendimento ou na massificação? Ou nos dois? Estabelecendo critérios e proporcionalidades). A partir do momento q as células do esporte no Brasil são os clubes, sociedades privadas q, como vc mesmo aponta, são em sua imensa maioria deficitários (mesmo aqueles em q o carro-chefe é o futebol), o Esporte fica à deriva, sem cumprir função nenhuma, a ñ ser, em certos casos, se transformar em um negócio de meios e fins duvidosos.
    Já no caso específico da CBDA (e de outras confederações), o reflexo maior, na minha opinião, é derivado dessa falta de um política esportiva em âmbito nacional. A mesma pergunta q é feita ao Governo Federal, poderia ser feita às confederações: afinal, o q se quer com o investimento nos esportes?
    A ausência de um projeto claro, do estabelecimento de metas e de parâmetros de avaliação, resulta em ações pontuais (muitas vezes em bom número e bem intencionadas) mas q ñ configuram um desenvolvimento efetivo.
    Abs.

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  2. Clodoaldo
    Achei perfeita sua colocação em relação a que o Julio escreveu. Muitos, insistem ainda em pensar que o polo aquático é o centro dos esportes, e que tudo deve girar em torno dele. Na verdade o polo aquático, assim, como os demais é apenas o reflexo de uma ausência por longos anos de uma política esportiva do país que começa a melhorar agora. Nossas células esportivas, historicamente, sempre foram os clubes, e estes, sempre foram os responsáveis pelo fomento ao esporte. Com o passar das décadas, os clubes foram entrando num processo de falência ( não cabe aqui debater os motivos). Como o poder público nunca se preocupou com a implantação de uma política esportiva que atendesse ao esporte de formação e de rendimento, estamos, agora, na iminência de não termos os dois.
    Não tenho uma visão apocalíptica do esporte como coloca o Júlio, talvez, meio chateado com o resultado da IV Liga ( e com o Santos!!!). Na verdade o polo está passando por uma fase de transição de modelos. O modelo antigo dos clubes e o modelo dos clubes que procuram parcerias ou clubes-empresas. As transformações gradativas levam à uma mudança efetiva. Vamos perder alguma coisa? Acho que sim. Temos que abir mão de alguma coisa? Também acho que sim. Mas seguramente vamos ganhar outras. Não temos que ficar preocupados com que vamos perder e sim com o que poderemos ganhar. O esporte, hoje, faz parte de um grande mercado.
    Quanto a CBDA posso garantir que estamos também num processo de transição e as conquistas e avanços tem sido grandes.
    O esporte está bom ou ruim? Tudo vai depender da ótica de quem quer ver o problema.Vou dar um exemplo para finalizar. Muitos reclamaram que a final da Liga foi num lugar longe e que não teve muito público. Numa outra ótica posso dizer que foi ótimo por alguns motivos: Primeiro fizemos o primeiro evento onde será os Jogos de 2016, garantimos com a estrutura montada mais uma piscina para treinos a partir de 2012, O COB apoiou ao máximo os jogos no local, tivemos quase o mesmo público dos últimos anos, fizemos a transmissão ao vivo pelo SPORTV, e ainda, de forma inédita tivemos uma transmissão pela internet ( mesmo sem divulgação já que era em caráter experimental) com 680 acessos só no Domingo, o que fez parte de um projeto para 2012. Tem gente que acha isso ruim e tem gente que acha uma boa porque abre espaços para novos investimentos e oportunidades.
    Abraços
    Ricardo Cabral

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  3. Temos recebido vários comentários a respeito do texto do sr. Júlio Santos, muitos com argumentações interessantes, porém, como é comum no meio do polo aquático brasileiro, a maioria acompanhada de frases do tipo: "prefiro não citar meu nome", "por motivos pessoais prefiro não revelar quem sou" etc. Pois bem, o sr. Júlio é pai de um atleta bastante conhecido e, mesmo assim, coloca suas ideias e opiniões de cara limpa, expondo a si próprio e ao seu filho à todo tipo de críticas e comentários, portanto, ñ nos parece certo q quem o critica (ou mesmo elogia) ñ use do mesmo comportamento. Como responder a acusações e críticas as quais vc nem mesmo sabe de onde partem? Ñ é justo.
    Ñ nos cabe aqui discutir as razões pessoais de cada um para o recurso ao anonimato, mas na nossa opinião, um debate anônimo ñ tem valor algum.

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  4. Clodoaldo, so para ilustrar esta duvida do Julio se o Polo vai acabar o nao. De uma olhada hoje no globo onde tem aquela materia do [globo a 50 anos] ali mostra como estamos na corda bamba. a anosss.
    abs.
    canetti

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