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Artigo do prof. Silvio Telles

(foto: canalfluminense)
Segue abaixo um artigo do prof. Silvio Telles, treinador de base e auxiliar-técnico da equipe adulta do Fluminense, que é uma das poucas pessoas que costuma teorizar sobre o polo aquático brasileiro.







Parte 1


O Polo Aquático Brasleiro como ele é

O Polo Aquático (PA) brasileiro desde suas origens veio alterando-se das mais diversas formas. Eram clubes de remo, onde venciam os mais fortes, depois a natação passou a ser preponderante dando aos clubes que investiam nessa nova vertente muitas vantagens, transformando esse diferencial em vitórias. Os clubes de vanguarda sofrem com essas incertezas . Ora padecem por tentar, ora beneficiam-se da ousadia. Contudo , ter a coragem para entrar no campo dessas incertezas é somente para os abnegados corajosos. Para não ir muito longe, nessa competição que agora se encerrou, o próprio Fluminense, como há pouco tempo o SESI na base foi alvejado por "desequilibrar" a competição trazendo os "famigerados " gringos que somente dariam vantagens ao clube que patrocinava. Isso , para essa competição e agora também na Liga tem se tornado um incremento midiático (por sinal pouco valorizado) fantástico, desenvolvendo trocas culturais e alterando muita da cultura que é criticada no Brasil, a que se treina pouco. Vemos "in loco" como temos que treinar mais e ainda podendo aprender com eles dentro do nosso clube. O que começou com incursões somente para o final de semana, agora estendeu-se para muitos meses do ano. Atletas começam a se interessar em jogar aqui pois o momento é propicio economicamente , diferente da Europa a beira do caos financeiro.
Assim , valorizar trabalhos de manutenção é fundamental como muitos clubes vem fazendo, perpetuando uma conjuntura que há cem anos , apesar de não permanecer estática, não levou o PA a lugar nenhum em termos internacionais. Cabe ressaltar que nesses mais de cem anos só vencemos UM pan-americano em casa em 1963, com um geração excelente mais que também tinha um reforço estrangeiro, o húngaro Aladar Szabo. Como vemos importar nomes não é coisa muito recente. Essa conjuntura , necessita desses abnegados , pois sem eles não estaríamos aqui. Agora avançar além da manutenção, é para aqueles que não se contentam com o” Stauts Quo” que para muitos , mesmo para aqueles da supra estrutura ,não buscam aumentar o trabalho que já existe, mesmo que esse trabalho venha a trazer resultados nunca alcançados. Não sei se essa atitude é por medo das incertezas ou medo de drásticas modificações em toda uma estrutura quase estamental, mas que agora começa a dar sinais de estar chegando ao final do seu ciclo. Já diria Raul Seixas” Prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter a velha opinião formada sobre tudo”
Moral da história até aqui” quem não arrisca não petisca” e ainda ,só faz história quem busca escrevê-la.
Quanto a base dos clubes , essa discussão é cíclica. Já milito no PA há uns 20 anos como técnico. Esse processo de transferência de atletas de base de um clube para o outro, em qualquer idade é muito relativo e não se relaciona necessariamente/diretamente com ajudas de custo ou um saco de tangerinas. Muitos atletas buscam estrutura e também maior conforto ideológico com as comissões técnicas. Tanto no RJ como em SP, (não posso dizer sobre o projeto de Baurú pois ainda não conheço os atletas e talvez o Jundiaí), todos os outros clubes tem jogadores que surgiram em outros clubes e mudaram por motivos diversos. No RJ , tanto o BFR , como o CRF , como também o FFC tem em seus planteis de júnior atletas que não surgiram ali. No caso do meu clube , no Junior, atual Campeão Brasileiro, apenas 4 dos 15 que disputaram ,não surgiram na base, mais já se encontram lá há ao menos 2 anos, não vindo especificamente para esse campeonato em questão. Cabe ressaltar que nas últimas 20 competições dessa categoria o Fluminense permanece entre os 4 do Brasil. Essa discussão não é exclusiva do PA, todos os esportes vivenciam esse questão e se não existe contrato o direito de ir e vir é constitucional.
Outra coisa ,é que essa ideia de que não surgiu no clube , é antiga e ultrapassada. A construção do acervo do atleta acontece ao longo da vida esportiva dele. Se o Ronaldo não tivesse saído do São Cristóvão talvez não tivesse se tornado o 'Fenômeno' que se tornou. Em todo lugar busca-se as potências em quanto são potências . Os impérios , todos caem, mas enquanto estão lá polarizam as atenções e fixam-se na história como exemplo.

Já dizia Walter Bracht “ O esporte não tem poderes mágicos, ele é o que fazem dele” e nós procuramos fazer sempre o melhor, não só no Fluminense mais também em todos os clubes.

Adam Smith com sua teoria da “Mão Invisível" já dizia que os esforços individuais quando bem intencionados, reverberam para o bem da coletividade. Isso ainda no final do século XVIII. Muitos ainda não entendem isso. E na atual sociedade em que vivemos , mesmo dentro de suas contradições, ainda é uma teoria bem aceita, claro, se você não for marxista por exemplo.

Silvio Telles

Comentários

  1. Por favor

    Digitei o nome errado, está incrivelmente Adam Shimth onde o correto é Smith.
    No antepenúltimo parágrafo está: "esse ideia" onde o correto é "essa ideia".
    Perdão por não ter feito uma revisão mais apurada
    Silvio Telles

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  2. Apreciei muito o texto de meu querido amigo e irmão Silvio Telles, há anos admiro seu trabalho, sua conduta esportiva e pessoal, já o conheço a mais de 30 anos para dele assim poder me referir. Como ele associou seu texto esportivo ao mundo social vou balizar meus argumentos neste conteúdo, o Brasil faz parte do BRICS ele uma das noivas mais interessantes do mundo atual, logo investimentos estrangeiros aportam todos os dias no Pais; as Empresas que aqui operam procuram Entidades sociais ou esportivas para se vincularem as imagens educativas que elas produzem; sendo o Brasil o pais do futebol, sobra muito pouco para os outros esportes, as vezes como é o caso do Fluminense e do Projeto Bauru, aparece um Ser Iluminado que resolve patrocinar o nosso esporte, porque o entendeu e viu o quão maravilhoso é, ou porque já o praticou.

    Como Silvio mencionou, a vinda dos gringos tem caráter midiático e cultural, eu já acredito em somente midiático por interesse do patrocinador, pois agrega valor, hoje em dia é muito fácil o acesso aos fundamentos, técnicas e táticas esportivas adotadas em qualquer parte do mundo e um técnico capacitado como o próprio Silvio, facilmente as aplicaria, resumindo quem traz gringo quer vitória ou quer mídia para poder continuar com o patrocínio é assim e será sempre, neste momento o Fluminense e a noiva mais interessante talvez por isso todos os canhões estão apontados em sua direção, qualquer deslize será motivo de criticas duras e maldizentes, tenho certeza que além da contratação dos melhores do Brasil e do Mundo, esta sendo feito com muito carinho o plantio das sementes que irão germinar no futuro, pois caso o patrocínio mude o foco a colheita será árdua.

    Nosso Manager no tijuca Rafael Hall mencionou em sua pagina do Facebook que a CBDA deveria patrocinar os gringos e pop stars do polo nacional e através de um sistema de empréstimo loca-los nos clubes e que assim melhoraria o nível esportivo e traria mais equilíbrio para os campeonatos, concordo com ele, mas acrescentaria que para o Polo mudar, como já mencionei em um texto anterior aqui no POTOFF, além de tudo que se fala e que se pede para a melhoria do nosso esporte é a maneira como ele se vende, precisamos que alguém interprete a emoção e o prazer que temos de jogar POLO AQUATICO em algo concreto, precisamos de torna-lo visível, precisamos de publico para termos patrocinadores é a famosa lei da procura e oferta, exemplificando: ao chegar numa cidade onde todos andavam descalços um vendedor de sapatos pediu demissão porque acreditou que ninguém os compraria, o vendedor que entrou em seu lugar ao chegar na mesma cidade ligou para o patrão e pediu mais sapatos, pois todos que tinha levado já tinham sido vendidos, ao ser questionado como ele tinha conseguido, o vendedor respondeu que andando calçados, eles jamais teriam seu pés furados pelos espinhos, que eram abundantes na região.

    Repito, enquanto a CBDA ou uma entidade que cuide exclusivamente do POLO AQUATICO, não profissionalizar o Marketing de nosso esporte teremos sempre estes grosseiros contrastes.

    Parabens a todos os que jogam, aos que estão aprendendo, aos egocêntricos, aos abnegados, a todos que participam de alguma maneira do esporte e ao nosso amigo Clodoaldo por proporcionar debates públicos visando a melhoria do POLO AQUATICO.

    Abraços

    Mauricio Pacheco
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  3. Caro Professor Sílvio a quem eu tenho o maior apreço e carinho. Me desculpe,mas duas coisas. Não se se o tal de Walter Bracht, que muitos teóricos citam fez ou não fez no esporte ou pelo esporte. Mas garanto, sim, que o esporte pode ser Mágico. Basta ver como se transformam as crianças que o praticam. Agora, dependendo da intenção de quem o maneja a magia pode se transformar em feitiço, e isso sim me preocupa, quando vejo pessoas inteligentes, quase enfeitiçadas com discursos do tipo "tapar o sol com a peneira".
    Agora, quanto a Teoria de Adan Smith, concordo 100%. O problema é quando os esforços individuais NÃO são bem intencionados, ou quando estão direcionados para satisfazer o Ego, a vaidade, ou a necessidade de auto afirmação de alguns, reverberam negativamente na coletividade. O polo aquático do Rio de Janeiro que o diga! Ninguém sabe, ninguém viu. Sumiu! Isso é fato e todos sabem o porque.
    Abraços do amigo
    Ricardo Cabral

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  4. Enquanto tivermos aspones defendendo modelos sociais adequados, técnicos de seleção indicados por conveniência e interesses pessoais (estou falando deste Servio/Espanhol desconhecido que nunca dirigiu time algum mas possui grande conhecimento teórico ),que pela foto do uniforme que usa sabemos perfeitamente de onde partiu a indicação , apesar de não faltar mais dinheiro para treinamentos e viagens continuaremos a descer os degraus que apesar de não serem tantos, mas que foram preciosos ,os quais conseguimos subir com o Goran e ( aliás esta equipe do Japão era o juniores que ele deixou como base, e diga-se de passagem com o Angelo sempre com o bom treinamento que não privilegia a quem não treina ),logo atingiremos ao patamar mais baixo novamente, ou seja ao ponto de partida aonde o tempo corre para 2016.
    Portanto para CBDA resta tomar as decisões necessárias e mudar TODA essa comissão técnica, e que a próxima não se deixe cometer aos mesmos erros ao fazer as suas convocações baseadas em vaidades pessoais, envolvimentos financeiros ,clubismos e por aí vai..
    Temos aqui em São Paulo e no Rio valores novos vindo de seleções já vencedoras e que não estão sendo aproveitados , mas que com certeza estarão em 2016 em excelentes condições de jogo. Para que insistirmos em jogadores já na faixa dos trinta e que com certeza não terão condições para 2016? É claro que temos exceções, temos o centro cubano do Pinheiros em fase de naturalização que seria um bom reforço , o Emílio, e creio que só.
    Aos outros com mais idade temos que agradecer pelos anos dedicados a nossa seleção, mas infelizmente como diz o ditado “ a fila anda “. Agora é a hora da geração dos juniores que vem de vitórias e ótimos desempenhos em competições internacionais e já com o foco de que sem sofrimento não pode haver ganho.
    Para finalizar, não podemos encarar como normal perder da China por 18 x 3 .
    Continuar a fazer o mesmo e achar que algum dia vai mudar é insanidade( da CBDA) ou vaidade ( do Pró Reco tupiniquim)
    Sergio Tedesch- SP



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  5. Prezado Maurício,
    Concordo com o seu texto,porém acho que a nossa evolução no polo não esteja atrelada a um profissionalismo no Marketing. Como você mesmo disse vender sapatos para os descalçados apesar de ser difícil para um foi fácil para outro, bem como também vender água no deserto seria fácil para todos. Agora vender um esporte que perde de 18 x 3 para China que não figura entre as potências do Polo Aquatico Mundial é que deve ser uma pedreira!
    Abs
    Roberto Cabral

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  6. ...pedreira senhor Roberto cabral é começar um Projeto do zero, onde graças a uma mente de um empreendedor conseguiu tirar crianças que moram na periferia para jogar Polo Aquático, será que estas criança conheciam este esporte ou a tradicional "peladinha" de futebol na rua??!! Precisamos de profissionais nas suas respectivas áreas e um olhar de empreendedor temos que acabar com indicações de atletas para seleção, preparador físico, técnicos e assim por diante. Vamos levar chocolate nas olimpiadas pois não formamos atletas. Uma dica, conversar com o mantedor do Projeto Futuro de Bauru para que a CBDA espelhe no sucesso deste projeto com mais de 2000 crianças entre Polo Aquático e Natação, devemos copiar projetos de sucesso sem medo de errar ou os atletas e dirigentes irão continuar a realizar turismo!! Alexandre/SP

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  7. Caro Roberto,

    Não trabalho com marketing, sou um simples vendedor, minha teoria de profissionalizar o marketing do polo aquático se baseia na seguinte explicação: Se o POLO AQUATICO for bem vendido, trará mais publico, mais publico, mais praticantes, mais praticantes mais dinheiro para os clubes ou entidades ligadas, mais dinheiro mais investimento em novas técnicas e táticas e salários mais adequados aos técnicos, mais clubes mais campeonatos, mais campeonatos, melhor remuneração a comissão de arbitragem, com isto tudo atrairíamos novos patrocinadores, mais patrocinadores, muitas coisas boas...

    Acho que nossos atletas precisam de treinar um pouco mais do que treinam, mais para que treinar mais, se existem meia dúzias de gatos pingados em cada clube, e a os que se acham a ultima bolachinha do pacote, muitas vezes iludidos por seus companheiros e ou técnicos que precisam de sparrings para o esporte continuar sobrevivendo naquele ambiente, nossos atletas só irão melhorar se tiverem CONCORRENCIA, por isso profissionalizar o marketing é o reinicio de nosso esporte. Os Correios e o Bradesco são “parceiros da CBDA”, se o POLO AQUATICO tivesse maior visibilidade com certeza estas Empresas injetariam mais recursos financeiros, com isto mais aquele monte de coisas que falei no começo, e ai Roberto, eu posso te garantir que pedreira ia ser ganhar do Brasil

    Abraços

    Mauricio Pacheco
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  8. Impressao minha ou estao criticando o mesmo time que a pouco tempo nos orgulhou com uma vitoria contra os EUA la na casa deles? Realmente, perder para a China foi um resultado bastante ruim, mas tem que ter alguma continuidade no trabalho para que os resultados positivos aparecam consistentemente. Deixa os caras trabalharem e parem de torcer contra...e se puder ajudar nao marcando campeonato brasileiro dois dias antes tambem seria bom...Po, quantos jogos esses meninos jogaram em menos de uma semana? Carlos Eduardo/SP

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  9. O site publica post anônimo agora? Acabaram os pseudônimos? Vou dar uma sugestão: Pedro Alvares!
    Quito

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