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Resposta do prof. Ricardo Cabral

Clodoaldo,

Obrigado pela oportunidade democrática de participação. É fato que alguns dos países citados adotaram estratégias diferentes. 


1. A Austrália está praticamente classificada para Jogos e Mundiais por ser da Oceânia, o que apoiado por uma Política do Instituto Australiano de Esportes e o Comitê Olímpico Australiano, conseguem captar recursos, não só para o polo mas para as demais modalidades. Tem vários excelentes Centros de Treinamento (Camberra é um Exemplo) além de Sedes do Instituto Australiano de Esportes. A Australia Water Polo apenas administra essa verba e mesmo assim não prioriza investimentos na base ( tudo paitrocínio). Se vocês acham que mudar essa cultura no Brasil fácil, basta só na próxima convocatória se determinar o local para as seletivas, e o valor que cada atleta terá que pagar para ser observado e avaliado e, se ficar entre os 13 quanto deverá desembolsar para viajar. Conversei com o Fiolo (meu amigo, ex- recordista mundial de natação e pai do Pietro Figlioli) há dois anos atrás e ele me disse que até então pagava, ainda, os empréstimos feitos à própria Federação Australiana pelas viagens do filho quando, ainda, Júnior.

2. Cuba não foi boa no pólo por uma ou duas décadas, foi boa em tudo graças ao enfoque político ideológico dado ao esporte no período da Guerra Fria, onde Cuba foi bancado pela União Soviética durante essas duas décadas. Não se espante que se um dia eles voltarem a ter dinheiro vão estar entre os melhores do mundo. Pois a base esportiva plantada existe e é ainda muito forte: Como eles fazem questão de dizer "100% de ninõs en la escuela y praticando deportes"

3. Espanha, tem duas imensas vantagens sobre o Brasil. A primeira é por estar na Europa, a segunda por ter uma BASE TÉCNICA infinitamente superior a nossa. Aí o problema não é de intercâmbio, aí o problema é nosso mesmo, por não termos sabido fazer o dever de casa. Por isso que afirmo que essa geração já mostra uma qualidade técnica maior. Pelo menos 05 excelentes chutadores, com a vantagem de serem ainda 96 e com um perfil mais vencedor;

4. Ainda sobre a Espanha, quando viram que o Estiarte iria parar, buscaram o Ivan Perez que foi o grande diferencial do polo mundial nos últimos tempos. O cara na água era expulsão ou gol. Optaram também por importar jogadores. Aliados a possibilidade de intercâmbio e as políticas adotadas pelo Governo Espanhol para o Esporte pré- Jogos de Barcelona, o sucesso era inevitável. Como curiosidade, o Governo Espanhol fechou com a TVE ( principal TV Broadcasting do país e Estatal) , quatro anos antes dos Jogos que para ( se não me engano os números) 5 inserções comerciais na TV, uma das verbas pagas era doada para apoiar uma modalidade esportiva. É como se fosse, aqui, para cada 5 inserções comerciais na Globo uma delas a Globo revertesse para uma modalidade. Foram 04 anos!!!!

5. A Grécia, todos sabem no meio do polo aquático mundial, que o Sr. Dimitri, grande empresário e hoje, Membro do Bureau da FINA, foi o grande responsável pelo desenvolvimento. Apostou alto numa geração e investiu forte. Obviamente mais recursos pareceram, campeonatos e clubes foram melhores organizados, e é claro, estão na Europa.

Para não me estender muito, me desculpe mais uma vez o Kiko e a você mais discordo de uma apresentação de Tabela e Gráficos, onde não se discuta o contexto que reprsentam os números e as linhas gráficas. Por isso continuo afirmando que estamos sim, progredindo sobre o enfoque qualitativo ( diferente do enfoque quantitativo). Apesar de que em várias ações executadas estejamos também progredindo em termos quantitativos ( Numero de viagens que fazemos, número de competições realizadas, número de atletas com ajuda de custo, número de profissionais trabalhando para a modalidade).

Outra coisa, e aí me parece que o entendimento ainda é pequeno, quando se fala em polo aquático no Brasil se pensa logo na CBDA como sendo a única responsável pelo desenvolvimento ou não não do esporte. Nos países que o próprio Clodoaldo colocou. O investimento maior no esporte é do Governo através de políticas esportivas para o país.

Finalizando, a Missão do Polo para a CBDA é estar entre os 08 melhores ( se conseguirmos medalha muito melhor ainda) e as ações NÃO vão priorizar o polo feminino em detrimento do masculino ou vice versa, vão continuar investindo em ações de competições nacionais, vamos aumentar ainda mais o número de participações internacionais, vamos criar condições para que os atletas que queiram focar exclusivamente os Jogos de 2016. Queremos, sim, o que virou moda falar de um desenvolvimento sustentável para a modalidade. Se possível, contar com a parceria de todos os envolvidos no polo aquático brasileiro quer sejam instituições ou pessoas.

Abraços e Boas Festas

Ricardo Cabral

Comentários

  1. É tudo vem a ver, do nosso país tem um bom conhecimento sobre este esporte, onde ainda está em um processo de desenvolvimento no nosso país, um exemplo de ajuda há isso é os clubes escolas, onde fornecem gratuitamente o esporte para os jovens e depois passar para o Pacaembu (como eu consegui agora na última peneira), e depois com a mesma dedicação e foco passar para um clube privado com Pinheiros, Hebraica, Sesi, Paulistano.

    Arthur Tsai

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  2. Cabral, estou a pouco tempo no polo e gostaria de saber como o polo aquatico brasileiro está, relativo aos paises de primeiro escalão do nosso esporte, em uma má situação. Como?

    Abraços
    Marcelo Pio

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