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Prolongando a conversa...

(ilustração: heinisblog)
Aproveitando a gentil participação do prof. Ricardo Cabral, que nunca se esquiva de comentar as postagens, gostaríamos de fazer novas considerações e aproveitar para, no final da postagem, incluir mais alguns dados muito interessantes que, mais uma vez, nos foram enviados pelo "Kiko" Perrone.
Gostaria de começar corrigindo alguns dados. A Espanha não tinha tradição no polo aquático, ela começa a participar mais efetivamente dos Jogos nos anos 1970, mas com resultados bastante modestos. A Grécia tem uma trajetória parecida, com ambas tendo se beneficiado dos boicotes a Moscou 1980 e Los Angeles 1984 para engrossarem seus currículos. A Espanha, em virtude de Barcelona 1992, começou a apresentar melhores resultados antes da Grécia, que só a partir de 1996 (já com Atenas 2004 confirmado), começa a subir de nível. A Austrália, mesmo com as facilidades da Oceania, não participou de todos os Jogos e antes de Sidnei 2000, apresentava resultados fracos. Na verdade, até os anos 1970, o Brasil tinha mais tradição no polo do que Espanha, Grécia e Austrália (o Brasil chegou a ficar na frente de Grécia e Austrália em alguns Jogos). O que observamos, na verdade, são caminhos inversos, enquanto o Brasil declinou, Espanha, Grécia e Austrália cresceram. Portanto, não é correto afirmar que essas seleções sempre foram "tradicionais", elas se tornaram tradicionais a partir dos anos 1990. Assim como não é correta a informação de que EUA, Espanha, Grécia e Austrália participaram de todos os Jogos a partir de 1988, uma vez que a Austrália não esteve em Atlanta 1996.
Nos Campeonatos Mundiais, observamos o mesmo movimento.  Espanha, Grécia e Austrália tinham resultados modestos até, respectivamente, 1991 (Espanha), 1998 (Austrália) e 2001 (Grécia).
Mas o mais importante não é isso. O que eu gostaria de salientar é que as observações são sempre respondidas com o destaque das diferenças e não das possíveis semelhanças. Vou tomar a liberdade de fazer uma analogia rápida. Eu sou psicólogo, com especialização em Dependência Química, aonde um dos principais métodos de tratamento são os Grupos de Auto-Ajuda. A DQ é uma doença que afeta todas as camadas da população, do mais alto executivo, ao trabalhador mais humilde, e nos grupos de Auto-Ajuda, o que se faz, basicamente, é compartilhar as experiências para, a partir do que a história de cada um tem em comum com a dos outros, se assumir o problema e buscar subsídios para sair de tal situação. Nessas sessões é comum você encontrar três tipos de negação, quais sejam, pessoas que não admitem que tem um problema, pessoas que admitem o problema mas recusam o tratamento e outras que ao invés de conseguir enxergar o que há de comum no problema de todos, preferem destacar as suas diferenças pessoais. E é esse tipo de comportamento que eu tenho reparado nas discussões sobre o polo brasileiro. Não importa qual exemplo se traga à discussão, sempre o que vai ser destacado vão ser as diferenças "irreconciliáveis", numa clara postura de negação. Falamos da Espanha, da Grécia, da Austrália, da China, mas nada serve pro Brasil, pois nós "somos diferentes". Poderia, também, usar o exemplo de Cuba, um país latino-americano, pobre, com uma população menor do que a do Grande Rio, mas que conseguiu se destacar mundialmente enquanto teve investimento. Porém, sei que isso não vai adiantar nada, pois logo vão ser destacadas, mais uma vez, as diferenças "irremediáveis". Resumindo, como costumam fazer alguns pacientes que adotam essa postura, nada presta, pois só "eu" sei do meu problema, a experiência dos outros nada tem a ver comigo! Por experiência pessoal, eu digo que dificilmente se avança com essa postura.
Para terminar, gostaria de colocar que se as diferentes opções de desenvolvimento nunca são unanimidade na comunidade aquapolista brasileira, é para isso que existem cargos executivos, isto é, para que um determinado grupo capacitado tome as decisões e as coloque em prática, independentemente de haver consenso ou não. Senão, o cargo executivo vira, meramente, um cargo político.


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