Entrevista com Gilberto "Betão" Guimarães

Antes dessa confusão envolvendo a Seleção Universitária (clique aqui), o Potóff conversou com o prof. Gilberto "Betão" Guimarães, Supervisor de Polo Aquático do SESI/SP e treinador da Seleção Brasileira Universitária. "Betão", com larga experiência no polo, tanto como atleta, quanto como treinador, já participou de três Universíades: em 1983, em Edmonton, no Canadá, como atleta (12º colocação); em 1995, em Fukuoka, no Japão, como treinador (13º colocado); e em 1999, em Palma de Mallorca, na Espanha, como auxiliar-técnico (10ª colocação).
No momento, não sabemos ainda se o Brasil vai ou não participar da Universíade, mas achamos oportuno postar a entrevista mesmo assim. Animado com a volta do Brasil às Universíades, "Betão" chegou a  confirmar que, após conversar com a direção da CBDU, conseguiu que o grupo fosse formado por 13 atletas, e não 12 como havia sido anunciado anteriormente. Dessa forma, sairiam do Brasil junto com o treinador para completar o grupo na China, os atletas Thyê Matos, César "Cesinha" Queiroz, Bruno "Negão" Nolasco e Fernando "Paraná" Gouveia.
Obs.: o "Betão" entrou em contato e alertou que, diferentemente da lista oficial da CBDU (clique aqui), o quarto atleta é o Gabriel Reis, e não o "Paraná".
Agora só nos resta esperar para ver qual vai ser o desfecho desse imbroglio.

Já estão resolvidas as questões operacionais com relação ao pessoal que vai permanecer na China?

As questões operacionais estão sendo resolvidas entre a CBDU e a Chefe de Missão da CBDA (Giovanna).


E o pessoal que vai embarcar do Brasil, embarca quando?

Os quatro atletas e eu temos previsão de saída do Brasil dia 30 de julho às 18h00, saindo de São Paulo. [Lembramos que essa entrevista foi feita antes do último impasse.]


Qual a importância que você vê em o Brasil voltar a participar de uma Universíade?

Essa Seleção foi formada pelo técnico da CBDA, o Goran, que conversou comigo sobre a formação da mesma, mas ficou definido que esse trabalho seria feito visando os Jogos Pan Americanos de Guadalajara, inclusive na relação de 13 nomes, atletas que ainda não haviam viajado para nenhum evento com ele, mas que ele gostaria de dar oportunidade à todos os atletas que de alguma forma se dedicaram ao longo das diversas preparações. A princípio a CBDU iria levar somente 12 atletas, mas eu fiz um pedido de levar a equipe completa, pois vários atletas já estariam na China, o que geraria uma economia, prontamente atendido pela CBDU.
A Universíade é uma Olimpíada com atletas na faixa dos 18 aos 28 anos de idade, universitários. É uma competição de nível Mundial, mais forte que Jogos Pan Americanos e por esse motivo, é importante participarmos.
Para desenvolvermos o esporte é fundamental o intercâmbio e quando a CBDA iniciou as tratativas com a CBDU para viabilizarem uma Seleção concensual, como já foi feito em outras edições, achei uma ótima oportunidade de dar mais rodagem aos atletas que vão participar dos Jogos Pan Americanos de Guadalajara e quem sabe dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.


O Brasil caiu num grupo difícil, com a Austrália, atual campeã, e a Rússia. Quais suas expectativas pro campeonato? Foi traçada alguma meta a ser alcançada?

É um grupo muito forte, não somente pelos países adversários que carregam uma tradição esportiva de resultados, mas também, por já estarem preparando as respectivas seleções nacionais desde o princípio de julho.
A primeira idéia era dar mais rodagem aos atletas conforme mencionei anteriormente, mas existem treinamentos agendados contra equipes Chinesas e o atleta brasileiro precisa ir se ambientando com eventos desse porte, pois visa também uma preparação a longo prazo (Rio 2016).


Falando agora sobre o Mundial de Xangai. O que você achou da participação das Seleções Brasileiras?

Hoje, para falarmos de resultado, devemos analisar muitos outros fatores. Quando falamos que temos ótimos atletas, devemos fazer a seguinte pergunta: ótimos comparados com quem? Os resultados foram bons? Resposta: sim e não. Por que? Se nos compararmos com Sérvia, Croácia, Hungria, Itália, Espanha, Estados Unidos, a resposta é não, pois o investimento, a tradição, a localização no mundo, entre outros parâmetros, nos coloca em nível de inferioridade, mas quando nos comparamos com aqueles que tem o nosso perfil, penso que fomos bem. Estamos longe do grande centro que é a Europa, a modalidade não é prioritária em nosso país, é um esporte que depende de uma série de fatores, tais como: esporte coletivo representa pouca medalha no quadro de medalhas das principais competições mundiais; o atleta não depende somente dele, para se ir a um campeonato desse nível, depende de pelo menos outros 12 atletas, necessita de sinergia entre todos os atletas da seleção, necessita de rotina de jogo (para tal necessita de treinamentos coletivos e intercâmbio), uma pequena ação de um atleta será o sucesso ou o insucesso da equipe devido a uma coisa chamada de "reação em cadeia", as ações são de análise subjetiva, diferentemente da natação ou do atletismo que quem for mais rápido ganha.


E a estreia do "Grummy" num Mundial Adulto, como pai e treinador, qual sua avaliação?

Dentro do esporte, não trato meu filho apenas como filho ou apenas como atleta, pois ele é uma pessoa única, filho e atleta. Penso que para qualquer garoto, defender o seu país em um campeonato do mundo é uma coisa maravilhosa. Quanto a atuação, penso que teve oscilações características da idade, mas os detalhes que gosto de comentar e que acredito que fazem a diferença, fica difícil de comentar devido ao fato de perdermos esses detalhes por problemas de transmissão. Como ele ainda não chegou, não conversamos a respeito para que eu possa tecer comentários.


Qual sua opinião sobre o atual momento do polo brasileiro, não apenas com relação as Seleções, mas também em relação aos clubes?

Estamos no último ano do ciclo Olímpico. Com os resultados desse Campeonato Mundial, já podemos prever que dificilmente conseguiremos nos classificar para os Jogos Olímpicos de Londres disputando o Pré Olímpico em maio de 2012, logo, nos resta a expectativa de tentarmos tal classificação nos Jogos Pan Americanos de Guadalajara. Minha visão é realista, não conseguiremos ganhar dos Estados Unidos, logo não conseguiremos classificar também pelo nosso Continente. Isso significa dizer que devemos pensar já no próximo ciclo Olímpico (Rio 2016).
Hoje participo de um projeto no SESI-SP que visa exatamente isso, estamos inaugurando uma piscina com dimensões oficiais da modalidade, estamos no início de uma profissionalização dos atletas, juntamente com a massificação da modalidade.
Já estamos atrasados para 2016. Devemos planejar a curto, médio e longo prazo. O Brasil vai respirar esporte os próximos anos, temos que aproveitar essa onda, nos organizarmos melhor para no momento de maior visibilidade estarmos prontos para melhorarmos nossa situação no cenário esportivo.