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Entrevista com Tony Azevedo

(foto: zimbio.com)


O site waterpoloworld postou uma entrevista com o americano/brasileiro Tony Azevedo (Tony é filho do treinador brasileiro Ricardo "Rochinha" Azevedo), na qual ele fala sobre a vida na Europa, a crise do Primorac e a Seleção dos EUA. Abaixo, colocamos uma tradução "apressada" da mesma. Se optar por conferir no original, em inglês, clique aqui.


Olá, Tony. Como você está? Como é a vida em Kotor, Montenegro?

Eu estou bem. Estou vivendo em Montenegro há 2 anos e simplesmente adoro. Minha mulher trabalha como instrutora de yoga e professora de inglês e eu treino e jogo polo aquático na melhor Liga, todos os dias.


A vida em Montenegro deve ser bem diferente da vida nos EUA. Você teve problemas para se adaptar a Montenegro?

A vida em Kotor é muito diferente de Los Angeles, mas é por isso que eu estou aqui. Eu sempre fui fascinado por viver no exterior e conhecer outras culturas e, nos últimos 7 anos, eu fui capaz de ter essa experiência. Ainda existem alguns “dias nublados”, quando , por exemplo, eu não consigo assistir a um filme que está em cartaz ou ir até a esquina e comprar comida tailandesa, mas eu posso afirmar que estou totalmente inserido na cultura local. Quando acabo de treinar, saboreio várias xícaras de café em uma das centenas de cafeterias. Tiro a minha siesta da tarde e à noite eu geralmente me exercito caminhando 30 minutos à beira mar. Eu não sei porquê, mas quando estou nos EUA parece que eu não tenho tempo para nada, mas agora estou muito mais relaxado.


É solitário, às vezes? Você tem dias atarefados ou é só treinar e tempo livre (com exceção das viagens)?

Não me sinto só. Moro com minha mulher e nós tivemos a oportunidade de conhecer pessoas incríveis nesses anos, a quem consideramos grandes amigos. Eu sinto saudades dos meus amigos mais próximos e da minha família nos EUA, mas agora, com o Skype, converso com eles regularmente. Nós viajamos e conhecemos coisas novas sempre que possível, mas a maior parte do meu tempo é livre. Nossos dias atarefados consistem na minha mulher dirigindo até os seus empregos e eu botando os e-mails em dia.


Você sente a barreira da língua? Você já fala um pouquinho de montenegrino?

Sim, existe a barreira da língua. Mas eu estudo a língua e já entendo tudo que envolve polo aquático e comida. Além do que, me comunico com muitos jogadores em italiano e em inglês.


O que o trouxe para a Europa em 2005?

Eu sempre quis jogar na Europa. Eu costumava acompanhar o Posillipo e o Mladost quando criança. Depois da minha primeira Olimpíada (2000) eu recebi uma proposta, mas decidi que seria mais importante me formar em Stanford. Em 2005, fui para o Bissolati Cremona porque eu sabia que a única maneira de eu me tornar um jogador melhor era jogando em alto nível. E, naquele tempo, a Itália era esse lugar. Aprendi muito jogando na Europa. Joguei com grandes jogadores e com um grande treinador, e a cada ano eu melhorava.


Como você foi parar no Primorac em 2009? Houve alguma razão específica para só jogar uma temporada no Jug?

Eu deixei o Cremona na metade da temporada, para jogar num dos maiores clubes do mundo, por causa de problemas financeiros. Assim que cheguei no Jug, vi que tinha tomado a decisão certa. O polo aquático era muito diferente lá, mas era algo pelo qual eu precisava passar para melhorar meu jogo. Eu tinha um contrato de 2 anos e meio, mas como em qualquer lugar, isso não significa muito. Foi uma pena, pois eu adorava os jogadores e o treinador. Eu sabia que havia problemas financeiros e deixei claro que eu aceitaria jogar por menos. Ao invés disso, na metade do Campeonato Mundial de Roma, fui informado de que eles não tinham condições de me manter. Então, no dia do jogo contra a Croácia, pela medalha de bronze, me informaram que queriam que eu continuasse mas ganhando menos. Para mim, isso foi muito pouco profissional, eu senti como se Goran Sukno (manager do Jug) estivesse brincando com a minha vida e, a partir daí, não dava mais para recuperar a confiança no clube. Claro que com essa decisão meu contrato passou a não ter nenhum valor, e perdi 20% do meu salário.


O Primorac está tendo dificuldades que estão afetando o time e os resultados. Como você lida com isso? Continuas motivado como antes? Você consegue enxergar um final feliz?

Infelizmente, nosso time não conseguiu se classificar para as quartas-de-final da Euro Liga. É muito difícil focar e se dedicar nos treinos e jogos, ao mesmo tempo em que se preocupa se terá dinheiro para sair para jantar no próximo final de semana. É uma pena, mas não é a primeira vez que isso acontece comigo. Até que nós jogadores criemos um sindicato para nos proteger, ou que a LEN e a FINA possam controlar a responsabilidade dos clubes, o polo aquático nunca será um esporte profissional de elite. O meu grande sonho é levar para os EUA uma medalha de ouro olímpica. Sempre haverá obstáculos, mas não conseguir treinar profissionalmente, nem conseguir jogar a 100%, só me afastarão do meu sonho. Não sei se haverá um final feliz. Eu sinto que o Primorac é um clube grande o bastante para não deixar as coisas desmoronarem, mas com a economia do jeito que está, você nunca sabe. Seria uma vergonha, pois nunca vi uma cidade que apóia tanto os seus jogadores como esta. Seria um grande retrocesso para o polo aquático.


Já passou pela sua cabeça fazer o mesmo que Darko Brguljan e abandonar o Primorac de forma a recuperar seu caminho em direção ao Campeonato Mundial e as Olimpíadas?

Não, nunca passou pela minha cabeça. Darko é um jovem jogador com um futuro brilhante, mas nós estamos em situações completamente diferentes. A melhor coisa para mim, no momento, é continuar a treinar e jogar. Se eu tivesse escolhido partir, teria perdido pelo menos 10 jogos da Euro Liga. Como disse antes, eu penso positivamente e, se tivesse partido, significaria que tinha perdido totalmente a fé.


O Mundial de Xangai 2011 está chegando, como os EUA estão se preparando? Vocês têm uma chance real de medalha agora, depois de ter chegado tão perto em Roma?

Nosso time vai começar a treinar tarde este ano. Não só temos o Mundial, como os Jogos Pan-Americanos em outubro. Temos muito jogadores remanescentes da última Olimpíada e algumas caras novas para apresentar. Eu acredito que, independentemente de quanto talento um time possui, se esse time jogar unido e todos doarem um pouco de si em prol do grupo, ele vencerá. Não sei se estamos nesse estágio, mas se o alcançarmos, podemos jogar contra qualquer um.


O Mundial de 2011 será apenas um degrau para as Olimpíadas de 2012? As Olimpíadas são o principal objetivo dos EUA, ou vocês pensam um campeonato de cada vez?

Todo treinador e jogador vai dizer que todo campeonato é importante, mas existe apenas uma Olimpíada. Campeonatos Mundiais e Copas do Mundo são grandes desafios e meios de desenvolver nossos jogadores e nosso esporte, mas as Olimpíadas são o objetivo final. Estar junto a elite dos atletas e dos esportes no mundo, defendendo seu país num nível internacional como aquele, não tem comparação.


Como você vê o futuro próximo em Kotor? Quando termina seu contrato e você já tem planos para a próxima temporada?

Não sei nada ainda do meu futuro próximo. Meu contrato termina esse ano eu ainda não decidi o que fazer. Jogar na Europa é a melhor opção para mim, para me desenvolver como atleta. Será importante, no ano Olímpico, me manter saudável física e mentalmente (o que é muito difícil no polo aquático), seja lá para onde eu for. Conversei brevemente com alguns times, mas nada de concreto. Minha decisão virá com o tempo e, espero, também virá uma associação de jogadores.

Comentários

  1. Clodoaldo,
    Boa foto.Mas foi falta de ataque ou exclusão do marcador por estar com os dois braços levantados?
    Abs
    Roberto Cabral

    ResponderExcluir
  2. Roberto, realmente é uma ótima foto, me chamou a atenção logo de cara. Me parece ser aquele típico lance em q o defensor faz a falta e levanta os braços pra mostrar q ñ tá agarrando e o atacante, malandro, dá aquela escorada básica pra ter mais espaço e equilíbrio pro chute. Às vezes só dá pra perceber em foto, mas se eu fosse marcar alguma coisa, daria falta de ataque.
    Abs.

    ResponderExcluir

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